Você me deu um nome Que sempre quis seu! Minha cachorra fox-paulistinha, Você chamou de boy Até o dia em que ela se perdeu Para me consolar, Leu Monteiro Lobato, com voz rouca, Me apresentou Jorge Amado, Me deu Lord - um irlandês peludo Me deitou num remanso, Disse que Proust era um chato E convenceu o dog : era ele a minha babá Você me educou debaixo de sol, Estimulou alpinismo, Mostrou sua paixão pela esgrima Suas espadas encostadas na máscara de luta, Espreitando no fundo do armário, Foram meu horror bem cedo Eu sempre quis cama, lua, O frio das manhãs sob as cobertas. Quando nos elogiávamos, desconfio, Ambas disfarçávamos. Você pisava a praia toda, todas as tardes E no mar jamais entrava. Eu adorava uma onda salgada e nua de areia Escorpioa, signo de água, eu fluía Você terra taurina, represava. Opostas complementares, duas insanas, Adorávamos nos provocar Cabelos branquíssimos, Cigarros amarelando seus dedos, Pés descalços, você morava no meio do mato. Eu, no asfalto, rodeada de portas e sapatos, Encastelava-me no décimo sétimo andar Mas, naquela madrugadinha gelada em Sampa, Você tossiu fundo. Seu olhar de menina renasceu no meu colo, Há muito tempo sem caber mais no seu. Quando nos entendemos, Você morreu Ps: Inês, assim fomos: minha mãe e eu. Rosa dos ventos, ideal areal real;))
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