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Pra incentivar os que porventura sintam-se intimidados pela destreza dos que sabem escrever, escrevo eu notícia: Havia proposto nos encontrarmos em janeiro. Continua de pé, mas a Mamãe está com planos de passear cá por Rondônia no fim do ano, a título de vir à minha formatura. Então, permanecem os planos, a menos que a formatura saia só em janeiro e ela realmente venha.

Gentes estranhas

Lá em casa de vez em quando apareciam gentes estranhas. Uma vez foi uma família de alagoanos, nós implicávamos com o menino, da nossa idade, que não dizia "oito" e sim "oithio". Nem me lembro quando a Vânia, minha prima, foi lá na primeira vez. Nunca sabia de onde vinham nem para onde iam, de repente estava alguém dormindo em algum lugar lá em casa.

Como bom menino, não tinha muito direito de saber das coisas e logo me conformava com isso.

Um dia apareceu um homem, ele tinha muitos pelos na orelha e era um pouco mais alto que eu. Bem, eu tinha onze anos e ser mais alto que eu não seria nenhuma vantagem para um homem. Pouco mais de um metro e meio, veio dirigindo uma C-10, montado em almofadas, vinha quase em pé. Era o tio Gonzaga, irmão da mamãe.

Ficou lá em casa apenas o tempo de eu saber que tinha tios. Já em 82, perto de irmos para Fortaleza, Gonzaga apareceu de manhã. Mamãe me chamou e ao Normando: - acordem, vamos viajar. E lá fomos nós para Marabá.

O carro era um Fiat 147. As estradas de terra tinham morros inacreditáveis e um tráfego de caminhões assustador. Mas tio Gonzaga não se abalava. No banco de trás eu e Tom nos revezávamos chamando o Raul.

Paramos de noite em São Félix do Xingu, foi meu primeiro churrasco gaúcho, em uma churrascaria de madeira, bem caindo aos pedaços. Que delícia! Nunca vou esquecer o sabor e a maciez daquela carne.

Pela manhã outra cena especial, abrimos a porta da casa onde dormimos (será que era um hotel?) e não víamos nada à nossa frente, tudo se resumia a um branco denso e profundo. Uma neblina muito forte fechava qualquer visão. Atravessamos a rua a pé, e bem no meio dela um Cesna, aquele aviãozinho, estacionado no meio. Não dá prá esquecer um avião no meio da rua.

Seguimos viagem, e enquanto amanhecia víamos a núvem subindo e deixando pedaços de algodão nas copas das árvores. Atravessamos o Xingu, e as histórias de tio Gonzaga nos fascinavam. O homem não tinha raiz, nem casa, nem família. Vivia de lugar em lugar. Seu trabalho era ajudar pessoas: precisava entregar uma carta no Ceará? Gonzaga ia. Precisava fazer um serviço, lá estava ele. Mantinha-se com a metade de uma gleba no garimpo de Serra Pelada, que lhe rendia algum sustento. Vivia de fazer rolo.

Passávamos na frente dos sítios e Gonzaga reconhecia a origem de cada um apenas pelo que plantava e pelo jeito que cuidava: esse é maranhense! - Por que? - Só planta mandioca. - Esse é cearense! - Por que? - É muito preguiçoso. E quando duvidávamos, ele simplesmente parava, entrava, tomava café, perguntava pela família e saía satisfeito: - Não disse que era maranhense? - Mas tio, você conhecia aquela mulher? - Não, nunca vi - era a resposta.

Também nessa viagem comemos uma carne de sol bem especial. Parece que fica mais gostosa quando no meio da estrada. Anos depois soubemos que Tio Gonazaga morreu, foi matado. Morreu na estrada, em um assalto. Mas ainda nos impressiona saber um pouco daquele homem baixinho, da orelha peluda, que saiu de casa ainda jovem e resolveu ganhar o mundo, vivendo sem rumo, sem âncora, mostrando para nós que a felicidade não está no contra-cheque, nem em um escritório cheio de máscaras. Tio Gonzaga para mim é uma representação da liberdade, que matamos em uma estrada porque temos medo de sofrer.

Sem sonhar

Era uma cidade distante, não para os padrões de hoje, mas certamente para os de seu tempo. Cento e trinta quilômetros da capital. Uma distância bem grande para quem morava no sítio. Seu pai a criou sozinho, essa é uma história até hoje não contada. Quem lhe ensinou a pentear os cabelos? Quem lhe cuidou das vaidades, dos ensinos que cada mulher deveria saber? Talvez sua irmã mais velha, talvez suas tias e primas, talvez a observação dos dias, das noites, do movimento do vento nas palmeiras. Era mesmo uma cidade distante, não para os padrões de antigamente, mas para os padrões de hoje. Culturas tão infantis, anseios, desejos, vontades pueris. Talvez casar-se, talvez concluir o segundo grau em uma escola da capital. Moça valente resolveu sair. Estudou na capital, tornou-se técnica em enfermagem. Se exerceu a profissão? Não sei, nunca vi. Era uma moça bonita, talvez pretendida por muitos, criada na serra, família ordeira, menina estudada e feliz. A moça conheceu o soldado e aventurou-se tão nova. Costume diferente, distante aos nossos padrões. Casou-se aos dezessete. Onze filhos criou. Quantos dias de mocidade, de alegrias, de sonhos realizados? Talvez poucos escondidos entre dívidas, impossibilidades, choros e doenças. Venceu. Tornou-se um mito para quem a conheceu. Pela bravura de criar o mais velho distante, nobre e forte general. Pela cultura que distribuiu a todos. Pela convivência pacífica-conflitante com dez rapazes diferentes e a mocinha... O que fazer com a mocinha que entre os dez homens lhe nasceu? Como ensinar-lhe a pentear-se? Como explicar os rapazes, os sonhos, as delicadezas, as coisas de mulher? Não bastassem suas vitórias, poucas foram as medalhas, muitas mesmo as batalhas. Naquela cidade distante no tempo e no espaço é que nasceu a mocinha. Muito linda naquela foto de menina. Naquela cidade pequena, pasmem, nasceu uma mulher especial: forte, endurecida pela vida, inteligente, culta, corajosa, que escondeu a menina. Senhoras e senhores procurem naquela cidade, ou mesmo em seus corações. Encontrar de novo a mocinha que nasceu naquele lugar. Em algum lugar ela está, sonhando, sofrendo, crescendo, aprendendo, esperando alguém para amar.

Onze irmãos

São onze irmãos de verdade, nem doze, nem dez, nem saudade. Onze prá um só Brasil, muito ainda falta prá mil. Onze irmãos de cabeça, com pensamentos voados. Onze que estão sempre errados, mesmo se o certo se fez. São onze pessoas pensando, um pensamento distante, Como se longe fosse perto, como se perto fosse longe. Onze que fazem na mente os planos prá frente... prá frente... Planos que não realizam, porque não saem da mente. Onze irmãos que não enriquecem com suas grandes idéias, Que não conhecem a mentira prá enricar de verdade. Onze que não se divertem, onze que não se encontram, que se aprenderam a amar bem distantes, como não fosse importante se abraçar vez em quando. Onze que muito criticam o que há de si lá no outro. Onze que sentem na vida uma distância tão perto, Como se esquecer fosse certo, e não se falar fosse bom. Onze irmãos que se vivem, como se sessem sozinhos, Que escrevem seus livros e não contam, Que não se publicam na vida, Prá não senti-la sofrida, Nem desisti-la de novo. Onze que se fossem um seriam o mais completo ser, pela força, inteligência, coragem, vida e saber. Que se juntassem as forças e se quisessem pertinho, Não teria esse no mundo que os enfrentassem a valer. Onze da mesma origem, com destinos tão distantes, Que não se cruzam tão fácil, Que não se buscam o bastante. Quem sabe um dia esses onze, pela alegria encontrada, resolvam buscar um ao outro, resolvam trilhar mesma estrada. Talvez assim todos vejam o que os de fora já vêem, Que essa família já seja mais forte do que se acredita E que na força da escrita não deve nada a ninguém.

Quer namorar comigo?

Quer namorar comigo? Quer namorar comigo? Disse à minha preferida, minha princesa querida, Meu amorzinho feliz. Foi seu sorriso que quis ouvir minha indagação. Quer namorar comigo? Não diga nunca que não, Diga que seu pai não deixa, Diga que espere um bocado, Diga que uma dor não lhe deixa, Mas não me negue seu coração. Quer namorar comigo, escondidinha por aí, Ou mesmo na pracinha, prá todo mundo ver? Que seja fácil pra todos nos encontrar de mãos dadas, Caminhando nas calçadas, sem lugar pra se esconder. Quer namorar comigo? Disse à minha garota, E ela, sorrindo marota, não disse que não, nem que sim. Quer namorar comigo? Já sério eu insisti, E olhando bem nos meus olhos ela me disse bem sério, O quê que é isso meu velho, Não se percebe que eu quero, Depois de tanto tempo que já namoro com ti? Quer namorar comigo? Disse-lhe mais uma vez, Quando enfim entendeu, Que não me interessa a pergunta, Que o tempo tanto faz, Que o motivo se deixa, Que só queria o seu sim.

Sem nome

Apesar do tempo que passei me sentindo pequeno, não tive uma ideia de mundo a la "Bob", aquele do velocípede. Realmente não entendia bem as coisas. Não entendi o dia que a Sônia apareceu chorando lá em casa (se é que era Sônia mesmo o nome dela). E espero que ninguém tente explicar isso em público. E a Vera? Sujeita oculta, que circulava nas falas dos mais velhos. Quem estaria namorando com ela? Pelo jeito ninguém! Lembro do dia que o Jr. resolveu gravar uma fita comigo, imitando um cântico onde um garoto fazia uma voz bem de garoto. Mas o resultado foi dos piores. As razões dos fatos não estavam muito claras na minha mente. Por isso gostava do Mr. Magoo, o cara que não vê nada mas se dá bem em tudo. Uma vez, no Natal, saímos para a igreja, alguns de nós, só me lembro da Inês, enorme, que não me deixava segurar sua ão porque eu já era grande. As árvores das ruas estavam com aquelas lâmpadas coloridas, que para mim representavam algo de muito ruim, não fazia sentido na minha cabeça aquelas luzes coloridas, muito menos em cima de uma árvore. Talvez se eu as visse em outro lugar, achasse que seria interessante deixá-las nas árvores de vez em quando. Mas aquele negócio só aparecia no Natal. Fomos andando para a igreja, e não me lembro de mais nada. É legal ter pouca memória porque a gente só se lembra dos flashes. Lembro de um dia na igreja presbiteriana, que ouvia as moças falarem com um "s" sibilante, e achava engraçado aquilo, porque só acontecia na igreja, ninguém que eu conhecia lá fora falava daquele jeito. Mas eu não ria de ninguém, porque tinha medo de tomar cascudo. E por falar em cascudo, lembro do dia que sugeri que o Rodolfo poderia ser chamado de Marcos. Até hoje não sei porque me bateram. E o cara agora assumiu o segundo nome, mas nunca vão saber que a idéia foi minha, rsrsrs. O Rui não poderia ser chamado de Carlo, porque alguém poderia confundir com Carmo, e não ficaria bem. Já o Jr. poderia ser Francisco, Chico, Chico Moura, mas ficou só com o Moura. Sorte dele. Eu fiquei com um nome ruim, Ronaldo. Pensa bem. Primeiro foi o presidente americano, Ronald Reagan. E até hoje tem quem me chame assim. Depois meu filho começou a gostar de futebol em plena Copa de 94, o Brasil foi campeão, mas o bebê só falava da Noruega, o nome era mais bonito. E foi a Noruega que o fez aprender a escrever com apenas 3 anos (um dia conto a história). Não satisfeito, logo começou a pedir que o chamassem de Ronaldo, mas não por causa do pai, por causa do dentuço. Beleza, dei-lhe uma camisa do Palmeiras e o "do contra" tornou-se corintiano. Desisti de levá-lo pelos meus caminhos, mas tive que aguentar o Galvão gritando Tafareeeeeeeeeellll e Ronaaaaaaaaaaaaallllllldo. Quando isso acontece toda semana, você fica torcendo que o cara quebre a perna, e o cara quebrou. Recuperou-se e virou Fenômeno. E por associação eu virei também. Vale dizer que não fiz nenhum esforço para assistir a copa em 2002. Aí aparece outro Ronaldo, mais novo ainda, para estender o prazo da gozação. E o cara é bom de bola. Agora os amigos, colegas de facudade e de trabalho já não sabiam mais como me chamar, mas não importava, de qualquer jeito sempre imitam o Galvão. A gente leva a vida, tudo bem. Fazer o quê? E quando o fenômeno resolve sair com as "traveco"? Ninguém se toca que ele estava com a camisa do Flamengo, só lembram do nome. Eca! Ainda aparecem outros, Ronaldo Ésper (o cara é viado! Se toca mano!), e um monte de Ronaldo bandido que surge por aí e o povo diz: foi você, Ronaldo? De onde você menos espera as coisas surgem. Criei uma conta no Skype e resolvi treinar um pouco de conversação em inglês. Logo no primeiro dia me aparece um cara da Bulgária: - Você é o Ronaldo, mora no Brasil? - Sim, eu moro. - Então você joga futebol. Uh! E isso se repetiu com um grupo de estudantes marroquinos. Deletei meu Skype na hora. Quando você pensa que está se acostumando começa a entrar nos ambientes e ouvir seu nome sendo chamado, dessa vez de uma maneira mais curta, sem gritos, mas muito enjoada, um simples "ronaldo" seguido de muitas risadas. Pois não é que um mané, corintiano prá variar, me dá uma entrevista com recado pro jogador e o pessoal do pânico usa como gozação? Então, meus queridos, façam como eu, coloquem nomes fáceis nos seus filhos, daqueles que em cada grupo que eles estiverem possam se repetir quatro, cinco vezes. Ou ponham nomes compostos, para que eles tenham opções. Porque assim, incluídos na multidão, eles terão melhor chance de ter um nome. Abraço a todos (se não aparecerem os parágrafos é pq. estou com o mesmo problema que o Márcio).

Reunião de família

Bem, não consegui comentar o post do Márcio, por isso vim postar aqui. Minha disposição para viajar e encontrá-los sempre será a mesma. Estou às ordens para ir até de jegue. Quanto às férias tenho um período negro, em que não posso me ausentar de Porto Velho, que é de julho a novembro dos anos eleitorais (2010, 2012, 2014...). Em qualquer outro período poderei ir (se não voltar a lecionar). Já tenho férias marcadas para janeiro de 2010 e janeiro de 2011. Resumindo, tô dentro.

Como dizia um certo bonequinho, eu estive pensando, e acho que pensei... em pensamento! Algumas vezes um e outro falaram em reunião de família. Pensando só na 2ª geração, porque pensar nos netos da Luci é muita gente, e quase todos moram com os respectivos pais (filhos), hoje temos 4 em Fortaleza, 2 próximos, portanto 6 "facilmente" reuníveis. 3 em Porto Velho e os 2 últimos a meio caminho. Então, pergunto se haverá interesse em sincronizar nossas férias pensando em alguns dias de reunião de família PM. Não sei quantos caberão na casa da mamãe, e parece que a Ivana (lembram dela) tem casa para temporada em Fortaleza, o que poderia nos dar bom desconto em hospedagem. De minha parte, será difícil viajar neste ano, mas possível em janeiro. Em pauta... (Márcio) ps: a falta de parágrafos é culpa do blogger.

FELIZ ANIVERSÁRIO, JUNIOCA !!!

Que a graça do Senhor Jesus

E o amor de Deus, o Pai

e a comunhão do Espírito reine em ti,

Ae, Júnior, manda um sinal de fumaça....

(será que ele vai ver?)

Hoje é o Aniversário do Júnior!!!!!

JÚNIOR
Desejamos de todo coração um niver cheio de alegrias, que as bênçãos do Senhor estejam sobre vc e sua Família...
Abraços!!!!